Palestrantes

Alessandra Bergamaschi é realizadora e pesquisadora ítalo-brasileira, vive no Rio de Janeiro. É formada em Comunicação pela Universidade de Bolonha e inscrita no programa de Doutorado em História da Arte na PUC-Rio (bolsista CNP-q). Seus trabalhos já foram expostos em exposições individuais no Centro Cultural Hélio Oiticica (RJ), no Skanes Konstforening (Malmo, SE), em mostras coletivas, programas de vídeo e festivais como Doclisboa (PT), Festival Internacional de Documentários tudo Verdade (RJ/SP), Semana dos Realizadores, a Bienal d’Arts Multimédia Urbains (CICV Belfort, Fr), Cine Iberê (Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre). A partir de 2015 é uma das idealizadoras da plataforma OLHO.

Diante do desejo de liberdade do outro: imagens de emancipação, experiência histórica e racialização da crítica

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Diante do desejo de liberdade do outro: imagens de emancipação, experiência histórica e racialização da crítica

Em fricção com os silêncios e apagamentos impostos pelo racismo estruturante da sociedade brasileira e em diálogo com as vozes e olhares postos em cena por filmes de jovens realizadoras negras – Travessia(2017) de Safira Moreira, Experimentando vermelho em dilúvio (2016), de Michele Matiuzzi, Peripatético (2017), de Jéssica Queiroz e Kbela (2015), de Yasmin Thayná –, busca-se interrogar o modo como a experiência histórica, inscrita em corpos marcados por diferenças de raça, classe e gênero, atravessa o contexto crítico atual. Diante de imagens que encarnam o desejo de liberdade radical de mulheres negras, trata-se ainda de perguntar como olho, escuto e articulo a minha fala na institucionalidade eminentemente branca que constitui o campo cinematográfico brasileiro.

Professora adjunto de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Possui graduação em Comunicação com Habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (1998), mestrado em Comunicação e Culturas Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia (2002), doutorado em Cinema e Audiovisual pela Universidade de Paris III - Sorbonne-Nouvelle (2008) e Pós-doutorado na New York University. Foi curadora e organizadora da Mostra 50 Anos de Cinema da África Francófona (Ano da França no Brasil, 2009). Idealizou e coordena o Cachoeiradoc - Festival de Documentários de Cachoeira (BA). Coordena o Grupo de Estudos e Práticas em Documentário. Tem apresentado trabalhos e publicado artigos com enfoque em cinema e diferença, documentário, cinema africano e da diáspora, cinema brasileiro, análise fílmica.

"Filmar com": perspectiva e mediação em Martírio e Ava Yvy Vera

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"Filmar com": perspectiva e mediação em Martírio e Ava Yvy Vera

Mobilizando processos colaborativos distintos, Martírio (Vincent Carelli, Ernesto de Carvalho e Tita, 2017) e Ava Yvy Vera – Terra do Povo do Raio (realizado por jovens lideranças do tekoha do Guaiviry, 2017) foram lançados quase simultaneamente, abordando, cada qual a sua maneira, a luta dos Guarani e Kaiowá pela retomada de suas terras ancestrais. Ao nos indagarmos sobre a contemporaneidade destes filmes, gostaríamos de complicar a ideia de representação, especialmente no que concerne ao cinema documentário: "filmar o outro" e "filmar a si próprio" são aqui tarefas que envolvem composições nem simples, nem diretas entre lugar de fala e mediação. Trata-se afinal de descrever dois modos, diferentes mas afins, de "filmar com"; dois modos de entrelaçar o mito à história e dois modos – ambos contundentes – de elaborar a experiência da retomada para incidir em seu presente.

Professor do Departamento de Comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais, integra o corpo docente permanente do Programa de Pós-Graduação. Pesquisador do CNPq, participa do Grupo Poéticas da Experiência (CNPq/UFMG) e da equipe de editores da Revista Devires - Cinema e Humanidades. Atualmente, integra o Comitê Pedagógico de Formação Transversal em Saberes Tradicionais na UFMG. Desenvolve pesquisas no domínio do cinema e do cinema documentário, com atenção à produção de filmes por diretores e coletivos indígenas.

A bela e a fera, ou uma ferida grande demais

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A bela e a fera, ou uma ferida grande demais

Trata-se de analisar um filme e uma instalação no qual os personagens vivem uma Catábase (momento retrocesso ou perda, descida ao inferno ou ao mundo dos mortos, viagem iniciática ou xamânica) diante da crise social e política. No filme (“Sem Essa Aranha”, Rogério Sganzerla, 1970), os personagens vivem uma deriva caótica radical que culmina com um tipo de libertação do desejo diante da civilização. Na instalação (“A Bela e a Fera”, André e Lucas Parente, 2015) a imagem espectral de um homem sobre um colchão – um mendigo? um andarilho maluco? alguém que chega de uma manifestação ou de um bloco de carnaval? de qualquer forma alguém que viveu muitas experiências intensas – são confrontadas com suas experiências intensas em termos de possibilidades de renovação e de liberdade. É como se seu corpo e seus sonhos fossem campos de batalha onde o furor coletivo se exprime seja sob a forma da morte violenta, como nas imagens e sons das bombas das manifestações de 2013, seja sob a forma da morte lenta, ao ritmo de sua respiração. Tanto no filme como na instalação, há o sentimento de incorporação da revolta, tal como vivemos hoje, diante deste momento anti-Brasil.

Professor titular da Escola de Comunicação da UFRJ e teórico do cinema, do vídeo e das novas mídias. Doutor pela Universidade de Paris 8 sob a orientação de Gilles Deleuze. Em 1991 cria o Núcleo de Tecnologia da Imagem (N-Imagem) da UFRJ. Entre 1977 e 2007, realiza inúmeros vídeos, filmes e instalações nos quais predominam a dimensão experimental e conceitual. Seus trabalhos foram apresentados no Brasil e no exterior. É autor de vários livros: Imagem-máquina. A era das tecnologias do virtual (1993), Sobre o cinema do simulacro (1998), O virtual e o hipertextual (1999), Narrativa e modernidade (2000), Tramas da rede (2004), Cinema et narrativité (L?Harmattan, 2005), Preparações e tarefas (2007), Cinema em trânsito (2012), Cinemáticos (2013), Cinema/Deleuze (2013), Passagens entre fotografia e cinema na arte brasileira (2015), entre outros.

Poéticas da liberdade na diáspora – o cinema de John Akomfrah

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Poéticas da liberdade na diáspora – o cinema de John Akomfrah

Diante de um contexto marcado por uma enorme instabilidade geopolítica e por cada vez maiores deslocamentos de massas humanas pela terra, os filmes do cineasta britânico-ganês John Akomfrah funcionam simultaneamente como denúncia e relatório (a partir da rigorosa e original pesquisa de arquivos), como expressão poética desses movimentos e como reflexão sofisticada sobre negritude e especificamente sobre arte negra. Filmes como “As canções de Handsworth” (1986), “O último anjo da história” (1995), “As nove musas” (2011) e “O projeto Stuart Hall” (2013) são referências incontornáveis para pensar a diáspora africana e as relações inter-raciais no contemporâneo. A partir da obra de Akomfrah (sobretudo os filmes mencionados acima), pretendemos discutir as conexões mais urgentes entre imagem, migração e colonialismo.

É graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco (1989), tem mestrado em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (1993) e doutorado em Critical Theory And Hispanic Studies pela Universidade de Nottingham (1999). Realizou estágio sênior como pesquisadora visitante da Universidade de Southampton, Reino Unido (2012-2013). É Professora Titular do Departamento de Comunicação Social e do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco. Foi vice-presidente da Compós - Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Comunicação no biênio 2005-2007. É a atual presidente da SOCINE, Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual.

Fotografia Brasileira Contemporânea

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Fotografia Brasileira Contemporânea

As mutações estéticas processadas no âmbito da cultura contemporânea colocam em perspectiva as definições tradicionalmente associadas aos meios fotográfico, videográfico e cinematográfico, enquanto estabelecem as condições favoráveis à emergência de um pensamento crítico. A partir das obras experimentais de José Oiticica Filho e de Geraldo de Barros, buscaremos contextualizar as configurações da fotografia brasileira na contemporaneidade em especial as hibridizações entre fotografia e arte e entre fotografia e cinema.

Doutor em Comunicação e Cultura pela UFRJ (1999). Pós-doutorado em Princeton University (2006) e no PPGArtes da UFC (2014). É professor da ECO/UFRJ. É líder do Grupo de Pesquisa Fotografia, imagem e pensamento e pesquisador do Núcleo N-Imagem (ECO/UFRJ). Publicou os livros Fotografia contemporânea: entre o cinema, o vídeo e as novas mídias; O que se vê, o que é visto: uma experiência transcinema (com Katia Maciel); Fotografia contemporânea: desafios e tendências e Escritos sobre fotografia contemporânea brasileira (com Victa de Carvalho e Leandro Pimentel). Coordenou o Seminário Temático Cinema como arte, e vice-versa, da SOCINE e a Mesa Cinema e Arte (AIM/Portugal). Coordena o Grupo de Trabalho O cinema e as outras artes, da AIM/Portugal, o projeto Midiateca da ECO/UFRJ e o Laboratório de Fotografia e Imagem Digital, da Central de Produção Multimídia (ECO/UFRJ).

Gestos, repetições e esvaziamentos

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Gestos, repetições e esvaziamentos

Quando Artaud se refere ao corpo sem órgão está mais que tudo nos mostrando a existência dos corpos aprisionados contra os quais é urgente convocar as forças da liberdade. Em minha proposta, a partir da realização de uma obra fílmica chamada “Trabalho N.1.”, tento criar uma espécie de dramaturgia de movimentos corporais ligados aos afazeres diários, contínuos, repetitivos, buscando, através dessas gestualidades do controle, criar o seu esvaziamento.

Pós-doutorado em Cinema e Arte Contemporânea, pela Universidade Paris III – Sorbonne -Nouvelle. Doutorado em Sociologia, pela UFC e em Filosofia pela Universidade de Lisboa. Mestrado em Comunicação, pela Universidade Autônoma de Barcelona-UAB. Graduada em Comunicação pela UFC. Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (UFC) e da Graduação em Cinema e Audiovisual, do Instituto de Cultura e Arte (UFC). Ffundadora da Escola Pública do Audiovisual, da Prefeitura de Fortaleza e Coordenadora do LEEA - Laboratório de Estudos e Experimentação em Artes e Audiovisual. É autora de vários livros como Imagens Eletrônicas e Paisagem Urbana, Cidade Anônima e Imagens que Resistem. Organizou os dois volumes do livro Imagem Contemporânea. Dirigiu alguns vídeos, fez várias curadorias e foi júri em mostras como Tiradentes e Festival do Cinema Brasileiro de Brasília.

Coabitação e hospitalidade na cena documentária

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Coabitação e hospitalidade na cena documentária

A figura heurística da imagem coabitada tem nos permitido pensar a coexistência, na cena fílmica, de seres e mundos cuja vizinhança é construída pelo dissenso ou pela equivocação. A maneira como a relação entre aqueles ou aquilo que não tem medida comum incide na cena do filme indica as muitas possibilidades de o cinema constituir uma peculiar comunidade política. A cena documentária, porém, é incerta e arriscada: como a imagem poderia acolher as diferentes manifestações da alteridade, dotando-as de uma resistência que confronta as projeções imaginárias tanto daquele que filma quanto dos espectadores?

Graduado em Língua Portuguesa pela UFMG (1988), doutorado em Estudos Literários (Literatura Comparada) pela UFMG (1995) e pós-doutorado pela Universidade Paris 8 (2002). É Professor Titular da UFMG, integrante do corpo permanente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da FAFICH-UFMG, pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e colaborador da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Teorias da Imagem, atuando principalmente nos seguintes temas: cinema moderno (ficção e documentário) e experiência estética. Editor da revista Devires: Cinema e Humanidades. Coordenador do Grupo de Pesquisa Poéticas da Experiência;. Foi coordenador-geral do Festival de Inverno da UFMG de 2012 a 2014, com o Projeto de Extensão O Bem Comum.

Cinema, educação e processos subjetivos

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Cinema, educação e processos subjetivos

O cinema na educação, mais que mobilizar técnicas e problemas da imagem, coloca a imagem em uma circulação estético-política que engaja e atravessa grupos e sujeitos. Olhar o cinema pelas formas de produção e invenção de mundos feitas com cinema, com ambientes não profissionais, no limite, trata-se de um cinema-clínica – acolhimento e desvio, mundo e alteração, corpo e aberração. A partir de experiências concretas e múltiplas com o cinema na educação, pensamos as possibilidades de um trabalho em que a relação imagem/mundo esteja conectada com os processos subjetivos individuais e coletivos.

Professor do Departamento de Cinema e membro do Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual na UFF. Coordenador do projeto nacional de cinema, educação e direitos humanos: Inventar com a Diferença. Doutor pela UFRJ e Sorbonne Nouvelle, na França, com pós-doutorado pela University of Roehampton, na Inglaterra. Foi professor visitante na Universidade de Salzburg na Áustria e na Universidade Louis Loumière - Lyon II, na França. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual. Organizador do livro Ensaios no Real: o documentário brasileiro hoje (2010), autor do livro A menina (2014) e Inevitavelmente cinema: educação, política e mafuá (2015), todos editados pela Ed. Azougue - e do livro Cartas sem resposta (2015), pela Ed. Autêntica.

Limites e passagens entre performance e fotografia

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Limites e passagens entre performance e fotografia

O que se passa entre o gesto performático e o registo da fotografia? Qual a potência das ações performáticas quando se tornam documentos no domínio da imagem e da arte? Como o tempo opera nas passagens entre essas duas manifestações? Para desenvolver essas questões vamos nos deter nas séries “Antropofagia” (1973) de Anna Maria Maiolino e “Ação 03” (2005) de Yuri Firmeza para ver como essas duas manifestações, mesmo distantes no tempo, podem nos revelar as potências biopolíticas das imagens que revelam corpos e subvertem os limites das manifestações artísticas colocando novas fronteiras para as relações entre arte, política e estética.

Graduação (PUC Minas, 1991) e Mestrado (UFMG, 2001) em Comunicação e Doutorado em Artes (USP, 2008). Professor Titular do Departamento de Comunicação Social da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG. Suas pesquisas estão focadas na relação entre as imagens em movimento e as espacialidades, tanto aquelas acionadas pela presença audiovisual nos espaços expositivos de arte contemporânea, quanto as formulações políticas da produção do espaço construídas pela produção audiovisual contemporânea. É autor de textos e ensaios sobre o tema e organizador de livros como Walter Zanini - Vanguardas, desmaterialização, tecnologia na arte. Curador em várias exposições: Festival Internacional de Fotografia de Belo Horizonte (2013, 2015 e 2017), Esses espaços (BH, 2010), Densidade local (Cidade do México, 2008) e Festival Internacional de Arte Contemporânea - Videobrasil.

AS FACES DE BELTING - NOTAS SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DE HANS BELTING SOBRE O ESTUDO DO ROSTO

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AS FACES DE BELTING - NOTAS SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DE HANS BELTING SOBRE O ESTUDO DO ROSTO

Uma das imagens mais ubíquas – e paradoxalmente pouco estudadas no campo da Comunicação, em se levando em conta a sua importância estética, cultural, mercadológica, religiosa e política (Agambem, 1996; Belting, 2015; Darwin, 1998) –, o rosto é o resultado de uma complexa ordenação muscular e morfológica que o atribui, em diferentes culturas, um sentido metonímico (pars pro toto). Para muitos povos, pelo rosto se diz da alma, pelo rosto se conhecem as intenções do sujeito e pelo rosto se julga um réu (Courtine e Haroche, 2007). E se hoje a ciência ocidental desdenha da Fisiognomonia e chama a Frenologia de pseudociência, o livro do rosto, Facebook, tem ecoado gostos e redefinido relacionamentos. Fotografia, cinema, TV, câmeras de aparelhos celulares e de monitoramento (e seus respectivos programas e aplicativos) modificam os usos da imagem do rosto e o estatuto do mesmo. O rosto está na mídia, mas, principalmente, ele é um medium ontogeneticamente ligado aos vínculos primários do bebê com a mãe (Baitello, 2010, 2014; Cyrulnik, 1995; Lacan, 1998; Winnicott, 1971) e à gênese mesma da imagem – termo que pela sua etimologia se avizinha de imago, máscara mortuária (Baitello, 2010, 2014; Belting, 2007, 2011; Kamper, 1994). Esta fala dialoga, especialmente, com o que diz Hans Belting sobre o rosto e as mídias em seus Antropologia da Imagem, A verdadeira Imagem e em sua obra mais recentemente publicada, que discute a história do rosto.

Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo. Professora na graduação e no mestrado em Comunicação do ICA-UFC e coordenadora do Imago - laboratório de estudos de estética e imagem. Realizou doutorado sanduíche na Université Paris X (1998) e estágio posdoutoral no Departamento de História da Arte da Universidade de Cambridge - UK, onde investigou as representações do Brasil feitas pelos artistas cientistas do século XIX. Estágio Sênior no exterior, Bolsa Capes (agosto de 2013 a agosto de 2014). Neste período, também pesquisou e participou de eventos no The Warburg Institute, ligado à Universidade de Londres. Tem experiência na área de Semiótica, com ênfase em Comunicação Social e Artes, atuando principalmente nos seguintes temas: Semiótica peirceana, Semiótica da Cultura, Mito, Tradução Intersemiótica e entre culturas, Literatura, Vilém Flusser e João Guimarães Rosa.

ENTRE A VIDA E A MORTE: UMA VISITA AO CINEMA DE APICHATPONG WEERASETHAKUL

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ENTRE A VIDA E A MORTE: UMA VISITA AO CINEMA DE APICHATPONG WEERASETHAKUL

O cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul traz como uma de suas principais obsessões a temática da vida após a morte. Suas narrativas sublinham a dimensão espiritual do mundo e lançam sobre a cultura tailandesa, de base religiosa budista e fortemente influenciada pela tradição animista Khmer, um olhar bastante singular que embaralha os limites entre realidade e ficção, entre vida e morte. Se, como supõe Montaigne, “meditar (ou filmar, no caso de Weerasethakul) sobre a morte é meditar sobre a liberdade” (MONTAIGNE, Ensaio XX), é porque a morte permite que o nada se reverta na possibilidade de qualquer coisa. Assim, propomos examinar como o binômio morte/vida opera como força motriz para as obras de Weerasethakul, não apenas no âmbito da narrativa, da história contada; mas, igualmente, em seus aspectos formais e visuais, na própria escritura do filme. Defendemos a hipótese de que, ao romper o véu que separa a vida da morte de modo a confundi-las, alguma coisa da ordem do tempo e do ritmo da narrativa parece se esfacelar, vindo a ressignificar tanto a ficção encenada quanto a experiência do espectador diante do filme.

Possui graduação em Comunicação Social pela Universidade Estadual de Londrina (UEL, 2001); mestrado em Comunicação pela Universidade de Brasília (UnB, 2004), e em Literatura Comparada pela Universidade de Genebra (Unige - Suíça, 2007); doutorado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG, 2013). Atualmente desenvolve pesquisa de pós-doutoramento no Instituto de Cultura e Arte (ICA) da Universidade Federal do Ceará (UFC) acerca da fragmentação da narrativa no cinema contemporâneo. Tem como principais áreas de interesse a Comunicação e as Artes, com ênfase em Estudos de Cinema/Filme, Semiótica, Psicanálise e Estética da Comunicação.

Os golpes das imagens como arte de incitar a irritação pública

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Os golpes das imagens como arte de incitar a irritação pública

Desde a fundação da doutrina Estética moderna, no século XVIII, procura-se conter as artes dentro de uma zona não política e higienizada da história. Elas são amarradas seja na torre de marfim da “arte pela arte”, seja na doutrina kantiana da arte como coisa inofensiva e limitada a “um prazer sem interesse” (interessenloses Whohlgefallen). Mas logo após a publicação da terceira das Críticas de Kant (1790), já em 1793 Goya iniciava a direcionar sua arte no sentido daquela manifestação artística que depois se tornou conhecida com as suas ditas “pinturas negras”, de 1820-23. Ao invés da “pureza” do juízo de gosto que fora valorizada por Kant, vemos uma arte como inscrição e construção simultânea de novas subjetividades e como apresentação da violência (sobretudo na famosa série de gravuras os “Desastres da guerra”). A arte assim galga sua entrada na cena política: e será cada vez mais vitimada pela censura e seus artistas por perseguições e prisões. No século XX as vanguardas entronizaram essa relação entre as artes e a política. Esta apresentação fará uma reflexão acerca do elemento político e contestatório das artes no sentido da defesa dessa tradição e contra o purismo conservador de uma certa crítica que, ainda hoje, quer controlar as artes ao condenar a sua relação explícita com a política. Como exemplos apresenta-se obras de artistas contemporâneos que explicitamente visam a uma inscrição crítica do passado (como no caso da ditadura brasileira apresentada na exposição “Hiatus: a memória da violência ditatorial na América Latina”, Memorial da Resistência, 2017-18, assim como na curadoria de Georges Didi-Hubeman para a exposição “Levantes”, 2016-17).

Professor titular de Teoria Literária na UNICAMP. Possui graduação em História pela PUC de São Paulo (1986), mestrado em Letras (Língua e Literatura Alemã) pela USP (1991), doutorado em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Freie Universität Berlin (1996), pós-doutor pelo Zentrum Für Literaturforschung Berlim (2002) e por Yale (2006). É autor dos livros Ler o Livro do Mundo. Walter Benjamin: romantismo e crítica poética; Adorno; O Local da Diferença. Ensaios sobre memória, arte, literatura e tradução; Para uma crítica da compaixão e A atualidade de Walter Benjamin e de Theodor W. Adorno. Organizou os volumes Leituras de Walter Benjamin; História, Memória, Literatura: o Testemunho na Era das Catástrofes e Palavra e Imagem, Memória e Escritura. Coorganizou vários outros títulos e traduziu diversos autores. Coordenou o Projeto Temático FAPESP Escritas da Violência e ganhou prêmios literários.

ADEUS AO GESTO

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ADEUS AO GESTO

Na terceira temporada da série Fargo (2017), produzida pelos irmãos Cohen, a chefe do distrito policial de uma pequena cidade na fronteira norte dos Estados Unidos tem um problema com dispositivos automáticos ativados por sensores de movimento. Por mais que agite os braços diante das portas de farmácias e supermercados, elas permanecem imóveis. Nos banheiros, tanto faz mover as mãos de cima para baixo como de um lado para o outro: as torneiras não jorram água. O defeito nos gestos da chefe Gloria Burgle tem especial interesse nos dias que correm pois esses movimentos abstratos ou quase-abstratos são cada vez mais necessários para a nossa interação bem sucedida com aparelhos eletrônicos como smartphones, computadores, tablets, consoles de games etc. Nesse sentido, seu problema pode ser considerado, se não uma nova síndrome, ao menos um sintoma contemporâneo. É desse sintoma que essa comunicação pretende sugerir a história. Uma história da autonomia e da abstração dos gestos, genealogicamente indissociável de sua apropriação pela imagem técnica.

Historiador, redator e roteirista. Possui graduação em História pela Universidade Federal Fluminense (1981), mestrado em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1995), doutorado em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2002) e estágio de pós-doutorado no Birkbeck College, da Universidade de Londres (2007). Desenvolve pesquisas no campo dos estudos visuais, com ênfase em fotografia, cinema, memória e política. Atualmente é professor associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pesquisador do CNPq (nível 2) e coordenador da área de Ciências Sociais Aplicadas I junto à CAPES. Membro do conselho consultivo do Centre for Iberian and Latin American Visual Studies, da Universidade de Londres, e do comitê coordenador do projeto cooperativo internacional Modernity and the Landscape in Latin America, da Universidade de Zurich.

Vivemos em uma nova Idade Média? Por uma Ecologia da Imagem

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Vivemos em uma nova Idade Média? Por uma Ecologia da Imagem

Aprendemos com Aby Warburg que a leitura excessivamente estetizante da imagem é marca de um tipo de ambiente cultural. Por isso seria necessário buscarmos entender qual ambiente cultural contemporâneo formata nossos olhares. E que referências a outros ambientes culturais passados herdamos? Ainda vivemos em ambientes da arte ou predominam hoje os ambientes mediáticos, assim como outrora predominavam os ambientes de culto?

Concluiu o doutorado em Comunicação na Freie Universität Berlin (1987). É professor titular na pós-graduação em Comunicação e Semiótica da PUC de São Paulo. Foi diretor da Faculdade de Comunicação e Filosofia da PUC-SP, tendo criado os cursos de Comunicação e Artes do Corpo e Comunicação em Multimeios. Foi professor convidado das Universidades de Viena, Sevilha, S. Petersburg, Autónoma de Barcelona e Évora. Livros mais recentes: A serpente, a maçã e o holograma (2010), La era de la iconofagia (Sevilha, 2008) , Flussers Völlerei (A Gula de Flusser) (Köln, 2007), o pensamento sentado. Sobre clúteos, cadeiras e imagens (S. Leopoldo,2012) e Emoção e imaginação (Org) (S. Paulo, 2014) e A era da iconofagia (S. Paulo,2014). De 2007 a 2016 foi coordenador da área de Comunicação e Ciências da Informação (CHS II) da FAPESP. Recebeu o prêmio "Maturidade Acadêmica" da Intercom 2015.

Osmar Gonçalves é pós-doutor em Cinema e Arte Contemporânea pela Universidade Sorbonne-Nouvelle (Paris 3). Doutor em Comunicação pela UFMG (2010), com bolsa-sanduíche na Bauhaus-Universität (Weimar). Pesquisador e fotógrafo, é mestre pela UFMG. Vice-coordenador do PPG em Comunicação da UFC e professor Adjunto III do Curso de Cinema e Audiovisual da UFC, concentrado principalmente nas áreas de fotografia, teoria da imagem e estética do audiovisual. É um dos coordenadores do Grupo de Pesquisa Vilém Flusser, do Seminário Temático Interseções Cinema e Arte, da SOCINE, e membro do Grupo de Estudos Interdisciplinares da Imagem (CNPQ). Organizou os livros Narrativas Sensoriais: ensaios sobre cinema e arte contemporânea (Circuito, 2014) e, junto com Susana Dobal, Fotografia Contemporânea: fronteiras e transgressões (Casa das Musas, 2013).

Doutor pela Universidade de Loughborough, Inglaterra (1996). Professor aposentado do Curso de Comunicação da Universidade Federal do Ceará. É fotógrafo e fez parte do programa de pós-graduação em Comunicação atuando na linha de pesquisa em Fotografia e Audiovisual. Coordenou o grupo de pesquisa em Cultura Visual.

Nunca Estive Tão Longe

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Nunca Estive Tão Longe

Situado no limiar entre o deslumbre e a catástrofe possível oriunda do estrondo de um vulcão, realizo a obra fílmica denominada “Apenas um gesto ainda nos separa do caos”. Trabalho apresentado durante a residência que fiz durante dois meses na Indonésia como parte da Bienal de Jogja. Tentar pertencer, também através das imagens, àquele lugar aonde tudo me escapava; lugar mais longe onde já estive e tão aparentemente próximo dos cantos de onde pareço nunca ter saído.

Mestre em Artes Visuais pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP (2011). Graduado em Artes Visuais pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza (2005). Em 2005, publicou o livro Relações e em 2007 organizou e publicou o livro Souzousareta Geijutsuka, de seu trabalho homônimo. Em 2008 publicou o livro Ecdise, resultado do projeto de residência Bolsa Pampulha 2008, o qual foi integrante. Realizou exposições em diversas cidades do Brasil e do exterior. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Videoperformance, Videoinstalação, Performance e Novas Tecnologias. É professor efetivo do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Laboratório de Intervenção Social

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Laboratório de Intervenção Social

SOBRE O TRABALHO- SOBRE A PERDA DO TRABALHO- SOBRE A RESISTÊNCIA- SOBRE A REOCUPAÇÃO SOBRE AS FÁBRICAS SEM PATRÃO SOBRE A MEMÓRIA DOS CORPOS SOBRE A MEMÓRIA DO TRABALHO SOBRE OS MODOS DE CONSTRUÇÃO COLETIVA Fábricas que fecham, empresas que se fundem, demitidos em massa. A crise do mundo do trabalho tem um grande impacto em todo o mundo. Milhões de trabalhadores estão sem ocupação. Diante da perda de sua fonte de trabalho, o trabalhador sofre não só de uma perda de subsistência material, mas também de uma crise de sua identidade, de uma identidade vinculada ao mundo do trabalho. Desde o ano de 2006, grande parte de minha obra está centrada no mundo do trabalho. Em diferentes países e cenários, o método é similar: fazer com o outro, convocar a dizer, a acionar, a escutar e transmitir. Formas diversas, multáveis, expansíveis, formas que pensam.

Artista visual, curadora independente, professora na Argentina e no exterior e diretora da Bienal de la Imagen en Movimiento (BIM). Desde 2013, é curadora convidada do El Cine es otra cosa, ciclo de Cinema e Video experimental do MAMBA - Museu de Arte Moderna de Buenos Aires. Realizou seus estudos de graduação na Universidad del Cine y un Master en Hypermedia na Universidad de Paris VIII, Paris, França. Trabalha com cinema, vídeo e instalações. As suas obras fundamentalmente colocam questões relacionadas à memória, à identidade e ao mundo do trabalho. Foi artista residente no Canadá, na França, na Alemanha e em São Paulo. Suas obras receberam diversos prêmios e entre suas exibições recentes estão, em 2016, La tierra tiembla, Centro Cultural Recoleta, Buenos Aires e Vues subversives: les traces des hommes, Hall Partage, Metz, Francia.

À conquista de uma autonia visual: Marcos históricos e iniciativas fílmicas contemporâneas

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À conquista de uma autonia visual: Marcos históricos e iniciativas fílmicas contemporâneas

A Autonomia Visual pode ser definida como uma imagem livre, feita pelo povo para o povo, em oposição a qualquer tentativa de tirar, roubar, usar ou impor imagens para indivíduos ou grupos ao modo do predador. Exemplos históricos remontam a 1913 e à Cooperativa " Le Cinéma du peuple"( O Cinema do Povo) e passam pelas iniciativas de René Vautier ou Armand Gatti e Hélène Chatelain. Hoje, enquanto qualquer pessoa pode criar suas próprias imagens, estamos testemunhando o triunfo da auto-reificação. O processo de autonomização não pode limitar-se à chamada "democratização" dos dispositivos técnicos de gravação, mas deve fazer parte de uma concepção política da representação e de uma história de figuratividade. Observamos, nesse sentido, algumas das iniciativas documentais contemporâneas mais singulares.

É professora de estudos cinematográficos na Universidade Paris III e curadora de programas experimentais e de vanguarda na Cinemateca Francesa. É autora de inúmeros livros, entre eles Chantal Akerman, The Pajama Interview e Jean-Luc Godard théoricien des images. Com Philippe Grandrieux coordenou a coleção Il peut être que la beauté a reforncé notre résolution, consagrada aos realizadores revolucionários. Concebeu ciclos de cinema em inúmeros lugares: Nova Iorque, Lisboa, Viena, Porto, Madri, Paris, Tokyo, Londres. Ela trabalha com a metodologia da análise de filme, onde introduziu a análise da dimensão figural do cinema em sua tese de doutorado (1989). Em 1998, com a publicação de De la Figure en général et du Corps en particulier une méthode (l'analyse figurale) propos um método, a análise figural.

Liberdade dos instrumentos, liberdade das formas, liberdade do pensamento. O exemplo do artista experimental italiano Paolo Gioli

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Liberdade dos instrumentos, liberdade das formas, liberdade do pensamento. O exemplo do artista experimental italiano Paolo Gioli

Através de um estudo de caso particular ( o exemplo do artista experimental italiano Paolo Gioli, pintor, fotógrafo e cineasta contemporâneo), se trata de estudar três formas de liberdade: uma liberdade funcional em relação aos instrumentos de criação (a autonomia instrumental); uma liberdade formal em relação aos códigos e normas instituídas pela suposta "boa forma"("Não existe revolução em arte que na forma" , diziam os formalistas russos) e uma liberdade de pensamento e de desejo nos gestos da invenção da arte ( uma autonomia ética). Essas três formas de liberdade configuram um território ( e uma obra singular) onde a criação hors piste deslocada dos quadros habituais, não é uma criação ex-nihilo (a ilusão utópica), mas um desvio pragmático e uma "bricolage" inteligente, que sabe devolver o existente com eficácia poética tanto quanto política.

Philippe Dubois (1952) é professor do Departamento de Cinema e Audiovisual da Sorbonne Nouvelle (Paris 3) e membro sênior do Institut Universitaire de France (IUF), onde realiza um projeto de pesquisa sobre "Post-cinema" . Atualmente (2018) é professor visitante na Universidade Federal de Céara (Fortaleza). Ele publicou cerca de quinze livros e mais de uma centena de artigos sobre fotografia, cinema e video, incluindo O Ato Pós-Fotográfico, seu primeiro trabalho em 1983 (traduzido para muitas línguas) e seu livro de síntese La Question vidéo. Entre cinéma et art contemporain (éd. Yellow Now, 2012). Foi crítico (foto, filme e video), editor da Belgian Review of Cinema. Colaborou com a Royal Cinematheque da Bélgica e criou com ela o programa europeu Archimedia. Também é co-líder editorial de várias coleções e revistas. Além da fotografia e do vídeo, suas áreas de especialização são a teoria das formas visuais, a estética da imagem, a arte contemporânea, a metodologia e a análise do filme. Seus interesses incluem Godard, Marker, Fritz Lang, Albert Lewin, Cinema silencioso, Experimental. E, claro, todas as relações entre cinema e arte contemporânea.

É curadora independente italiana, vive e trabalha em Berlim. Desde 2013 é curadora da programação de arte contemporânea do canal experimental não narrativo Ikono TV e é responsável pelos projetos com mueus e instituições; projetos recentes incluem The Crisis of the Horizon (Small Projects, Tromsø, Noruega, 2018), Lost Dimension (AMIFF, Noruega, 2017), The impossibility of an Island (TBA21 e COP23, Bonn, Germany, 2017), Art Speaks Out (Istanbul Modern, 2015; COP22, Marrakesh, 2016). Formada em Comunicação com uma Tese em Semiótica da Arte, possui um Masters Degree em Arts Management (GIOCA, Università di Bologna) e em Filosofia e Teoria da Arte (UAB, Universidad Autonoma de Barcelona).