Mostra dos Alunos da Vila das Artes

O encerramento do III Encontro Internacional de Imagem Contemporânea traz na programação um conjunto de obras instalativas dos alunos do Curso de Realização em Audiovisual da Vila das Artes, equipamento público da Prefeitura de Fortaleza. O Curso de Realização em Audiovisual é constituído de seis ciclos, cada um deles é composto por módulos, divididos nos seguintes eixos: histórico, teórico, linguagem, técnico, aproximativo e ateliê. Eles se encerram com o ateliê de realização. As instalações que serão expostas no encerramento do EIIC – “Reservado para pichadores”, “Relampejo”, “Véus” e Lobo Temporal - fazem parte do primeiro ciclo de realização da quarta turma do Curso de Realização em Audiovisual, intitulado Imagem e Cidade. Esse ciclo apresenta aspectos históricos e teóricos da relação entre imagem e cidade e os vídeos foram apresentados inicialmente em abril de 2016, no prédio da Vila das Artes.

Reservado para Pixadores

Instalação surgida de uma pesquisa que investiga a pixação como demarcação de territórios, pertencimento à cidade, violência, intervenção urbana, subversão, códigos, linguagem e identidades. O trabalho resultante da pesquisa traz como recorte a prática recorrente de algumas pessoas que, ao se depararem com pixadores, os reprimem pintando com os jets/spray seus corpos. A instalação "Reservado para pixadores" trata então do corpo violentado, da identidade e dos anseios do pixador censurados pelas forças de opressão.

Equipe:
Concepção / Dalvanio Ócio, Rodrigo Ferreira, Paolla Fernandes, Clébson Oscar, Renata.
Pesquisa / Dalvanio Ócio, Rodrigo Ferreira, Paolla Fernandes, Clébson Oscar, Renata.
Pesquisa e edição de imagem / Dalvanio Ócio
Performance / Dalvanio Ócio
Montagem /

Relampejos

Relampejos são forças intensivas que irradiam, intempestivamente, as potências sensíveis dos corpos. Relampejar como um modo de movimentar-se, transformando os gestos e os sentidos que possam resistir às capturas dos espectros policiais da cidade, onde não há mais o toque de recolher, mas o cruel recolhimento do toque.

Ficha Técnica:
Realização e Argumento: Léo Silva
Produção: Amanda Rodrigues, João Paulo Pinho e Léo Silva
Fotografia: Alex Hermes
Performance: Felipe Araújo
Preparação de Corpo: João Paulo Pinho
Iluminação: Léo Silva e João Paulo Pinho
Som: Eric Barbosa
Montagem: Abdiel Anselmo
Arte e Figurino: Léia Avila
Técnico de Equipamentos: Eudes Freitas

Véus

Uma vídeo-instalação para dizer da violência, da voracidade desmedida do capital imobiliário, dos que perderam suas casas, dos que não tiveram direito aos seus mundos. Vontade de guardar uma cidade que se desmancha, num desejo de plasticidade, de ver poesia na rigidez dos prédios, nas estruturas como em Mondrian, no que não vacila, numa arquitetura que oprime a serviço de um projeto de civilização falido. Já nasce ruínas, como na música de Caetano. Materializar o vento no véu, materializar esse vento na imagem, quase que pegar. Talvez porque o vento seja a única coisa indestrutível nisso tudo. O vento sabe fazer a curva, é imenso mas sabe ser miúdo, sabe andar nas brechas. A dança desses véus que precariamente tentam nos proteger é impressa num movimento muito próprio de uma cidade como Fortaleza que serve de caminho para o vento Aracati. E tem a Luz que tem. E tinha o Mucuripe que tinha.... Cada pedaço da cidade, cada pedaço do céu é um pedaço de mim, do outro, é um pedaço que não existe mais. Invadiram, tomaram, roubaram, destruíram. Destroem e seguem convictos rasgando o céu sem pedir licença e reafirmam essa disputa desumana por esses espaços que deveriam ser de partilha. Uma partilha-quase- devaneio para os dias de hoje. Em construção as texturas, os ferros, as cores, os relevos dos tijolos, o barro, os vazados, a geometria, a luz que entra, é como se o prédio respirasse. E é nesse entre que brota uma esperança de um por vir que pudesse nos abrigar, que já nos coube, que nos acolhia. O prédio pronto taparam todos seus poros. É sufocado. Tá morto. E junto com ele minha cidade, a nossa cidade. E fica só a memória, essa sim vivíssima, latente, mas exausta de tão solicitada, de ter sobrado quase tudo só pra ela.
Realização: Renata Onofre

Lobo Temporal

"Sons internos. Sons que vem de dentro. O reverberar de frequências sonoras que ecoam do movimento interno do corpo. A escuta do corpo a partir de ondas acústicas em processo de transdução - transformação da energia nas suas mais diferentes naturezas".

Concepção e Performer: Vivi Rocha
Captação de som: Daniel Araújo
Desenho Sonoro: Vivi e Volgan Timbó
Pesquisa: Davi Peixoto, Daniel Araújo, Diego Marcus E.B, Hylnara Anny
Cenografia: Diego Marcus E.B, Sálvia Braga
Cenotecnia: Eudes Freitas, Thiago Nascimento
Teaser: Hector Rocha
Orientadores: Thelmo Cristóvam, Alexandre Veras, Felipe Ribeiro,Uirá dos Reis, Armando Menicatti, Eduardo de Jesus, Rúbia Mércia.
Agradecimentos: Irene Bandeira, Nataly Rocha, Rodrigo Magalhães, Vicente Junior, Paulo Victor Soares, Mariana Nunes, Luciana Rodrigues Anderson Castelo, Caroline D'Ávila, Thaís de Campos, Vera Façanha, Otalibas Rocha, Rafaela Kalaffa, Lucas Coelho, Juliane Peixoto, Eric Barbosa, Rúbia Mércia, Kennya Mendes, Daniel Muskito.